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​É a primeira e última  vez que toco em assuntos delicados e misteriosos   como a minha verdadeira origem até então desconhecia.Espero não ser fruto de um relacionamento alienígena ou transcendental de uma humana com um ser mitológico. Só me faltava aos quarenta anos de idade descobrir que sou filha do capitão Spock e da irmã do E.T de Varginha, num romance cósmico a velocidade da luz!
Em nenhum momento da minha trajetória literária comentei sobre Bethy e o galinheiro sombrio, mas agora é a hora! E quem seria essa tal de Bethy? Poderia ser a Bethy Boop, aquela figurinha sexy com jeito de menina travessa que eu adoro,  e que me acompanha na capa dos cadernos, nas agendas, nos adesivos e no meu dia a dia. Mas é outra Bethy (aquelaaaa tão falada!) e não me lembrar dela é um insulto a minha biografia.

Durante muito tempo eu não pude tocar neste assunto e nem escrever  sequer uma linha porque  sempre foi um mistério sacramentado pelo silêncio familiar e com certeza jogado em baixo do tapete para não incomodar ninguém! Somente agora, liberta de certos tabus e cheia de atitude, me acho no direito de ,assim como você, descobrir quem foi Bethy e tudo mais que vos será acrescentado. Quem sabe encontrar o meu único irmão totalmente emaranhado neste Elo Perdido?
Durante as palestras de prevenção ás doenças sexualmente transmissíveis, através do Blablablá Positivo( projeto de minha autoria  que aborda temas sobre DST/Aids através de um bate papo bacana, finalizando com meu depoimento) choveram perguntas sobre Serginho , sua trajetória de vida e os problemas com as drogas, principalmente como conseguiu livrar-se delas, ainda num processo de superação. E para não ficar o tempo inteiro justificando  o injustificável ele sentiu necessidade de se abrir e contar a sua versão.
- Pô, eu preciso falar! Não é bem assim...
Então foi acrescentado um novo espaço para que pudesse dar voz ao seu personagem muitas vezes tão polêmico e criticado.
Os meus filhos, agora já mais maduros e conscientes, também quiseram participar com um depoimento e achei muito importante este comprometimento coletivo. Acrescentei alguns fatos e depoimentos sobre a vida do Fábio, com certo cuidado para não denegrir a sua memória, já que convido a todos para questionar se realmente ele teve esquizofrenia ou se infelizmente foi uma viagem sem volta.  Agora passando a peneira no assunto só me resta perguntar, já com medo da resposta, se eu fui sua amiga ou inimiga.
Desde aquela época a nossa convivência era taxada como doentia e nunca ninguém teve acesso ao nosso gueto , paralelo e totalmente fora da realidade. Através do reencontro dolorido com os diários secretos, consegui resgatar detalhes dessa paixão avassaladora e numa atitude de coragem, permiti que a luz de um novo dia pudesse dar vida a esta história  tão escondida por mim dentro de um baú de vime e entranhas obscuras.
Espero que possamos ficar mais íntimos numa cumplicidade ímpar. Com certeza perceberá que sou muito diferente do que pareço ser!  E assim como você, ora posso ser tudo ora posso ser nada, mas um nada tão importante que nunca se esquecerá!

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