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                                       Ubatuba, vida nova!

Para mim, nada mais tinha graça.Estava em contagem regressiva para ir embora de Ubatuba. Esta cidade não nos merecia, e quem sabe conseguiríamos ser felizes novamente em São Paulo? A nossa nova casa era a mesma onde ele passou a sua infância, antes de se mudar para a rua debaixo. Era cheia de quartos e salas. Eu tinha a certeza de que, quando morássemos juntos novamente, tudo daria certo. Ele ficaria curado, de vez. Nas tardes de sábado, levaríamos os meninos para passear no Parque do Ibirapuera. Depois, comeríamos na pizzaria do Ângelo e, para fechar a noite, dançaríamos, só nós dois, no Moinho Santo Antônio... Tínhamos dinheiro para isso. Só não tínhamos o mais importante: saúde. Mas desta vez seria diferente, porque Deus nos abençoaria com alguns momentos de felicidade!
Eu e os meninos viajávamos todo o final de semana para São Paulo e, enquanto eu ficava ajeitando os últimos detalhes da bagagem, ele roncava gostoso depois de ter fumado mais de três cigarros, um atrás do outro. Era um dragão cabeludo!
Numa noite de garoa fina, talvez num daqueles momentos raros de lucidez, olhou-me como há muito tempo não fazia:
— Você não tem coragem de me trair com um outro homem, tem?
— Não existe outro homem neste mundo para mim, Fábio. São todos gays. — brinquei. Ele não sorriu. Apenas me encarou, tragando o cigarro.
— Existe. Esse homem já existe, e vai levar com ele o melhor de mim.
Alguns meses se passaram, e eu estava atendendo uma mulher no guichê da recepção do Centro de Saúde de Ubatuba, quando o meu novo companheiro de serviço “chegou abalando”. Era um rapaz bonito, todo engomado com umas roupas estranhas, e que dizia ter estilo próprio. Usava bota de couro, com colete de crochê e bermuda listrada. Parecia uma “cabrocha” maluca! Falava pelos cotovelos e gesticulava como um macaquinho amestrado, só paquerando as boazudas que rebolavam pelo corredor. O seu nome era Serginho e todo mundo ria muito com ele, menos eu. Achava que era um tonto!
Não via a hora de pegar a minha mochila para “zarpar” fora dali. Só pensava nos meus móveis novos: na estante de mogno maciço, no tapete da sala da TV de 29 polegadas, na cama King Size luxo. Tudo aquilo que, com certeza, preencheria o grande vazio da minha alma!
— Oi! Você quase não conversa, né? Tá tudo bem? — Serginho perguntou.
Quem, eu??? Ele queria saber se eu estava bem!? Para mim, tudo estava
sempre bem, porque eu não tinha importância nenhuma. Só Fábio tinha.Se ele não estivesse em surto, tudo estava muito bem. Se não me judiasse, melhor ainda! Carregava comigo seqüelas de um relacionamento doentio.
Aliás, relacionamento é um caminho de duas vias, mas isso nunca existiu para nós. Eu não tinha auto-estima e havia me anulado completamente, fantasiando um romance obsessivo. Será que alguém poderia definir tamanha insensatez? Se pedisse ajuda aos universitários, com certeza eles apresentariam uma lista de motivos ou distúrbios que me fizeram esquecer de mim
para viver um “grande amor”. Tão grande que me engoliu por inteira!
Apesar de me parecer indiferente como um pé de chuchu, Serginho sempre puxava papo comigo, querendo saber um pouco sobre mim. Talvez porque as pessoas fofocassem, dizendo que eu tinha um marido “louco” que morava em São Paulo. Isso despertava a sua tara por mulheres frágeis, carentes e “piradas”. Sei lá! Sempre me trazia um doce da padaria. E o que ele ia fazer lá? Tomar um copo de conhaque com pinga para dar sustância.
Credo, que nojo! Detalhe: em pleno horário de serviço. E quando ele estava com fome, beliscava com gosto uma moela acebolada, na conserva.
“Delícia!”, garfava mais uma, com um palito de dente. Diziam as más línguas que era um “picareta”. Mas era um “picareta gente boa”. Gostava de beber, fumar, gandaiar... Curtia tudo e mais um pouco. O meu mundo era de açúcar – infantil e todo melado — enquanto o dele era feito de pó... De café, de arroz? Não. Pó de cocaína.
— Trouxe pra você. Gosta de quindim?
Eu descobri que adorava quindim. E comecei a descobrir coisas sobre mim, principalmente quando Serginho pedia para que lhe falasse sobre a minha vida.
— Você quer saber sobre o Fábio, né? Tá seco de curiosidade!
— Quero saber sobre a Silmara. Fábio não me interessa. Não vou pedir ele em namoro. – ria, com uma cara de peixe frito.
Às vezes, eu ficava espiando Serginho de “rabo de olho”. Ele tinha jeito de homem, com pêlos no peito e braço, perna grossa e bunda grande e arrebitada, como um panetone tamanho família... “Meu Deus, é bem ‘gostoso’”, pensava. E, além de tudo, para a minha surpresa, sabia ver as horas com precisão: “Hora de fumar. Hora do lanche. Hora de cair fora! Fui”. Assim era covardia; Fábio não conseguia ver as horas. Ele havia perdido a noção do tempo e do espaço. Qualquer dia era dia. Qualquer hora era hora. A nossa terça-feira da sorte não existia mais, porque poderia ser sexta, sábado ou domingo.
— Já tá se programando pra balada do final de semana? — Serginho perguntou.
Parei um minuto para responder. Eu nunca me programava. Para quê, se o amanhã ainda nem existia? Como as pessoas eram ansiosas! Não conseguia pensar assim. Minha cabeça “dava um nó”.
— Viajo hoje à noite pra minha casa em São Paulo.
— Me conta. O que você faz de bom lá? Eu sou do Brás, pertinho da Mooca.
Eu não queria contar nada. Já me bastava a chacota que as pessoas faziam de mim, dizendo que eu era “pirada” também. Mas Serginho era diferente e parecia “bacana”. Com o passar do tempo, eu também passei a achar graça das suas piadinhas de “bicha” e sacudia a pança, morrendo de rir. Sempre que me encontrava indo para a rodoviária com a mochila nas costas e os meninos no colo, ajudava-me com a bagagem: “Já vai? Se cuida, hein! Até mais!”
Na segunda-feira cedo eu já estava de volta, morta de cansaço. Então, Serginho me recebia com um “Bom Dia” no capricho, chamando-me para tomar um café reforçado na padaria, do tipo: um pingado com pão na chapa. E moela na conserva. Inheca! Que brega!
Eu era alto-astral e estava sempre “de boa” com todo mundo. Só não gostava de conversa do tipo “papo-cabeça”, porque não tinha o costume.
Afinal, Fábio não falava comigo. Aliás, com ninguém. Vivia entocado no seu
mundo alucinante, viajando na maionese! Eu brincava com o pessoal, mas não “dava mole” para nenhum cara, porque eles sabiam que o meu marido tinha problemas mentais e tentavam tirar uma “casquinha”. Era ressabiada e tinha medo de homem, principalmente dos de verdade. E Serginho era um deles. Falava besteira, mas não era vulgar. Inventava mil histórias cabeludas e fazia de tudo para ver a galera feliz. Era um grande “Zé Galinha”, mas namorava há oito anos. Dizia para todo mundo que se casariam no final do ano. Tudo “balela”.
— Isso se você for embora mesmo pra São Paulo. Senão, me caso no começo do outro ano, mas com você. Pode ser? É a sua última chance de se dar bem.
— Pode. Você se casa comigo, com o meu marido e com os meus dois filhos.
— Nossa, que usurpadora! Você quer alguém pra bancar a sua família, né? Então, só pra fazer uma graça, vou levar você e os meninos para dar uma volta na praia.
— Não posso. Vou subir pra São Paulo. Fábio está um pouco... doente.
— Entendo. Então, fica pra próxima.
Um dia, eu estava muito preocupada, porque as coisas não iam bem. A minha sogra havia telefonado para avisar que ele pulava de um telhado para o outro; era muito perigoso perder o equilíbrio e cair. Então, debrucei-me na mesa do computador, chorando, e murmurei: “Meu Deus! Eu não agüento mais!”
Serginho sentou-se do meu lado, confortando-me:
— Calma, tá tudo bem. Quer conversar um pouco?
Neguei com a cabeça e pedi para sair mais cedo, porque precisaria viajar com urgência para São Paulo. A minha vida era arrumar e desarrumar a mochila, com os meninos ou sem eles. Dependia muito da situação. Quando retornava dessas viagens, Serginho sempre me recebia com festa. Desta vez, não foi diferente:
— EEEEE, até que enfim! – deu-me um abraço. — O que você vai fazer hoje à noite? Você tem cara de noveleira...
— Vou dormir. Eu sempre durmo às nove horas, com os meninos.
— Vamos dar uma volta de bicicleta? Quero te mostrar a cidade de Ubatuba. Ela é muito linda! Quando conhecer de verdade, não vai querer mais ir embora daqui. Tem mais de 80 praias, cachoeiras, ilhas... É tudo de bom!
— Eu não posso. Por favor, me poupe. Eu não sou como as garotas que você conhece, entende?
— Eu sei. Por isso mesmo. Você é uma pessoa “legal” e merece ser feliz. Deixa eu te fazer feliz um pouquinho, só esta noite, num passeio de bicicleta? Não vou te molestar. Você não é tão sedutora assim, não acha? Menos, né?
E combinamos tudo. Eu havia alugado a casa para um amigo do serviço e estava morando provisoriamente com a minha mãe. Combinamos que o telefone tocaria duas vezes, e assim nos encontraríamos no começo da praia. “Vou dar uma voltinha de bicicleta com uma amiga. Volto já!”, avisei meu pai.
Que maravilha! Ele estava lá, no horário combinado. Exatamente como um relógio “cuco”. Apostamos corridas pelas areias da praia do Perequê- Açu, rindo de bobeira com as derrapadas. Depois, sentamos no chão de um quiosque e conversamos. Sobre o quê, mesmo? Sobre tudo. Conversamos, entendeu? Não existe nada mais lindo que as pessoas trocarem idéias...
E, em toda a minha vida, eu nunca havia conversado tanto com um outro homem. Nós nos olhávamos nos olhos, e ele prestava atenção nas minhas palavras. Elas não eram soltas ao vento. Ele perguntava coisas para mim e queria saber a minha opinião. E o mais fantástico de tudo aquilo era que eu tinha opinião. Não era uma tolinha qualquer, uma torta de vento! Eu tinha recheio.
— Com 13 anos, eu engraxava sapato na praça da Sé e, à noite, ia ao fliperama, todo poderoso, com o cigarro pendurado no beiço.
— É de arrepiar! Você era uma criança muito meiga! — ríamos.
— Essa “conversa mole” de que todo mundo é “legal” não existe. Existem pessoas más, e você não deve confiar em quase ninguém. Eu não acredito no amor... Essa “melação” toda, pra mim, é coisa de “boiola”. Sou livre, leve e solto. Falo na lata, mesmo. Sou o que sou e ponto. Esse negócio de marmanjo viciado por causa do papai ausente é tudo mentira. Eu uso droga
porque gosto. Drogas??? Poxa, ele não tinha jeito de drogado...
— Que tipo de drogas você usa? — perguntei, com cara de Gil Gomes.
— Quase todas. Só não me pico mais. Nem tenho veia pra isso...
— Você fala como se fosse a coisa mais bonitinha do mundo.
— A droga não precisa ser bonitinha. Precisa ser boa!
Que ridículo! Ele usava drogas como um alucinado e ainda estufava o peito, cheio de orgulho: “EU GOSTO!” — batia o martelo, com categoria.
Ele falava pelos cotovelos, enquanto eu tentava formar frases politicamente corretas. Comprou uma latinha de guaraná para mim e uma cerveja para ele. Pertencíamos a mundos diferentes, e isso estava na cara.
— Posso te levar pra sair toda noite? Aliás, quase toda noite. É que eu namoro.
Pensei: “Esse palhaço pensa que eu sou alguma babaca”. Ele era, como dizia a minha mãe, “vivido”. Se achava o rei do lero-lero, mas lá no fundinho escondia uma alma de moça, quase puta. Tinha um fogo no pitombo, e era só fazer um charme que a mulherada “dava mole”, no duro. Mas eu não era igual a elas: primeiro ia comer miudinho na minha mão, e depois lhe daria um chute certeiro no “fiofó”.
— Eu não saio com estranhos.
— Não sou nenhum bandido. Tenho cara de tarado?
— Fala logo! O que você quer comigo? Quer dormir comigo, né? — abaixei os olhos.
— Quero. Não vou mentir.
— Safado! Transar, eu transo com o meu marido, e só com ele. — resmunguei, brava.
— Nossa, que sincera! O que você quer de mim? — piscou.
— Preciso de um amigo. Eu não tenho mais nenhum.
— Então, você vai ter um amigo, quase amante. Combinado? Vou te fazer
companhia nas noites de solidão e, se você gostar, dorme comigo.
— Como assim!? Quando?
— Calma, assanhada! Eu não estou matando cachorro a grito, não. Com o tempo.
Se for realmente aquilo que você quiser. Sem “forçação” de barra. Combinado. O pobrezinho nem sonhava que eu era capaz de tudo para deixá-lo na mão, com cara de bunda. E depois eu ia embora mesmo. Que se dane! Ele só tinha companheiros de transa, de gandaia, de fumo, de pó;
zoava com a mulherada fácil, mas acho não sabia o que era um amor de verdade. Com o tempo, fomos nos envolvendo de uma maneira tão intensa que perdemos a noção do perigo, e ele passou a me carregar no cano da bicicleta pelas ruas de Ubatuba, no maior gás do mundo. “Este leitãozinho de Natal pesa meia tonelada, gente!” — gritava, rindo.
Trabalhávamos juntos, no Centro de Saúde, até uma hora da tarde, e era uma farra danada! Eu havia comprado uma filmadora e ficava o tempo todo para lá e para cá, enquanto ele se acabava no arquivo. “Essa mulher é muito folgada mesmo! Sorte que é bonita.” — dizia.
Depois, levava-me para filmar as praias de Ubatuba. Muitas eu ainda não conhecia, e eram lindas de se ver! Aquela cidade estava se revelando diante dos meus olhos, cada vez mais apaixonados. E acho mesmo que estávamos tendo um caso. Como assim? Sei lá o que era aquilo. Era um grude!
— Você quer ficar comigo, Silmara? Já faz tanto tempo que a gente ta nessa...
— Quero namorar você. — respondi, envergonhada.
— Ah!? Sério? Com 26 anos, dois filhos e tudo mais?
— Eu nunca tive um namorado de verdade... Essas coisas de dançar coladinho, passear na cidade, tomar sorvete... Você aceita? Só namoro,sem transa.
— Acho que tô ficando louco em te dar corda. Sorvete!? Pode ser uma cerveja, bem gelada? Como você é estranha! Completamente estranha! Voute dar um beijo.
Estava anoitecendo, e as primeiras estrelas surgiam no céu de nossas bocas. Ele me disse: “Você é uma mulher com jeito de menina! Está me mostrando um mundo que eu não conhecia... É tudo muito novo pra mim!
Fazia tempo que eu não namorava alguém. Agora, estou enamorado por você! Sinto atração pela sua pele, pelo seu corpo, pelo seu jeitinho ingênuo!
Por tudo que é seu! Você vai me dar trabalho!” Tudo girava, como se eu tivesse tomado um porre. Os meus pensamentos, os meus ideais, a minha dignidade... A minha vida estava virando de ponta cabeça! Comprei um celular do tipo “tijolão”, só para marcarmos os nossos encontros pecaminosos. Paguei uma fortuna, em seis vezes sem juros, mas era “mamão com açúcar”, porque ele ligava, confirmando o lugar.
“Positivo, câmbio!” — respondia, em códigos. Praia da Barra Seca, do Farol, do Cais, de Itaguá, Vermelha, do Centro... Quiosque, quermesse, festa de São Pedro... do Divino! O bonito chegava no horário certo, e eu fazia um charme, “dando o cano” mesmo, porque muitas vezes o meu pai não me deixava sair à noite.
— Pô, você me deixou mofando! Com quem você tava, hein?
Temos algum contrato? Você por acaso é o meu dono e soberano?
— Ainda não, mas posso ser um dia.
— Não se iluda! Eu sou casada. Vou embora para São Paulo para morar com o meu marido, na minha casa. Você é apenas o meu namorado, lembra?
— Assim eu não quero mais! — dizia — Chuta o balde! Larga dele e fica comigo!
— Eu amo o Fábio.
— E eu? O que eu significo pra você?
— Você me faz feliz. Mas a vida não é feita só de felicidade. Tenho os meus compromissos também. – encarava-o. — Eu não posso ficar.
Ele tinha um chilique daqueles, mas era a nossa verdade. Sei lá quando, um carteiro maluco chegaria com a minha transferência na mão, e eu teria que me apresentar no serviço, como se nada tivesse acontecido entre nós.
Nos finais de semana, quando viajava para São Paulo, já não era mais a mesma coisa. Enquanto Fábio dormia, eu ficava pensando em tudo o que havia deixado em Ubatuba: beijo na boca, risada gostosa, sol, praia, bicicleta, piada de “sogra”, alegria de viver... Mas eu não conseguia perceber que a alegria de Serginho era regada a muita droga. Eu não curtia drogas.
Não conhecia nada de nada. Quando acendeu o primeiro baseado na minha frente, nem me abalei, apesar de nunca ter visto.
— De boa. — pausa. — É só para descontrair. Te incomodo?
— Você pode fazer o que quiser da sua vida. Eu não fumo. É o que basta.
— Você nem liga pra mim, né? Não me dá importância nenhuma.
— Você não se valoriza! Azar! Quem sou eu pra falar que este teu baseado é ridículo?
Ele não acreditou, porque todo mundo pegava no seu pé e eu, no entanto, queria mais que se rachasse ao meio de tanto fumar!
— Você não precisa disso. Que ironia do destino! Fábio não tem saúde e toma remédios para não “pirar”. Faríamos qualquer coisa para que fosse assim, normal. E você, um moço bonito e cheio de vida, toma um monte de baboseira para ficar louco. Deus dá asas pra quem não sabe voar...
— Eu já vi Fábio, por várias vezes, aqui em Ubatuba. Parecia um cara “legal”. Fala um pouco sobre ele... Vai te fazer bem.
Então, comecei a contar a mesma história, aquela que você conhece em detalhes. Chorei. Ri... Depois, fiquei em silêncio, remoendo-me por dentro.
Sentia culpa. Muita culpa. Estava traindo Fábio com um outro homem que não amava tanto quanto ele, mas que me fazia sentir viva. Os dois eram completamente diferentes. Vamos lá! Preste atenção: Fábio era “careta”. Serginho usava todos os tipos de droga e muito mais. Cheirava até cueca! Fábio era meloso, dramático e exagerado. Serginho não acreditava no
amor. Fábio dormia o dia inteiro, se deixassem. Serginho “saçaricava” a noite inteira.
— Quando você está com ele, consegue pensar em mim?
— Claro que não! Cada um é cada um. Se pensasse somente em você,
largaria tudo e viria embora.
— Por que não faz isso? Larga tudo, pega o ônibus e vem pra casa. Eu cuido de você e dos meninos. Já te disse isso.
— Eu não posso. Eu dei a minha palavra; até o fim... — pausa. — Eu prometi.
Então, comprei um caderno de capa dura e fiz um diário secreto. Como  antes.



 

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